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CAMU-CAMU


O camucamuzeiro, Myrciaria dubia (H.B.K) McVaugh, espécie da família Myrtaceae, foi
descrito pela primeira vez em 1823 por Humboldt, Bompland e Kunth, como Psidium
dubium H.B.K. Em 1963, Rogers McVaugh transferiu essa espécie para o gênero Myrciaria, passando então a chamar-se Myrciaria dubia (H.B.K.) McVaugh. No Brasil, o
camucamu é conhecido como: ?caçari?, ?araçá d?água? ou ?sarão?.
Originária da Região Amazônica, a planta caracteriza-se pelo porte arbustivo, ocorrendo naturalmente às margens de lagos e rios. Sua distribuição geográfica estende-se deste a região central do Estado do Pará, passando pelo médio e alto Rio Amazonas até a parte ocidental do Peru e extremo setentrião brasileiro, no Estado de Roraima e através do Rio Casiquiare, e grande parte da alta e média Bacia do Orinoco. Ao sul, no Estado de Rondônia ocorrem às margens dos Rios Ji-Paraná e Candeias.
O primeiro registro de ocorrência do camucamuzeiro no Brasil data de 1902, quando das expedições do botânico A. Ducke à Amazônia Brasileira (MPEG exsicata). Atualmente o camucamuzeiro vem despertando grande interesse à fruticultura, devido o seu potencial elevado para produzir frutos com alto teor de ácido ascórbico (vitamina C), quantidades estas que podem variar de 2.400 a 3.000 mg/100g de mesocarpo e a até 5.000 mg/ 100g de casca. A exploração é efetuada em populações naturais distribuídas em rios amazônicos, cujas produções podem variar de 3 a 25 quilos de frutos frescos por planta.
A polpa pode ser encontrada em países como Japão, França e Estados Unidos, nas formas liofilizadas e congeladas, para uso na agroindústria e indústria farmacêutica, bem como transformadas nas formas de dropes e tabletes de vitamina ?C?.

Morfologia da espécie

O sistema radicular é do tipo cônico, formado por uma raiz principal que alcança 0,50 m no sentido longitudinal, com raízes secundárias distribuídas horizontalmente em um raio que varia, proporcionalmente, ao diâmetro da sombra da copa da planta.
O tronco, formado por um caule principal e varias ramificações laterais, glabros, podendo alcançar alturas de até 4 m na idade de 20 anos. Alguns ecótipos
apresentam-se como policaúlicos, isto é, com várias ramificações desde a base, formando caules secundários, enquanto que outros são monocaúlicos. Sua consistência
é dura porém flexível, daí a necessidade de se tutorar as plantas, quando estas estão carregadas de frutos, para evitar a ruptura ou quebra dos caules, por excesso de peso (frutos).
As folhas são simples e opostas, de forma ovalada, elípticas ou lanceoladas, medindo, em média, 4 cm de comprimento por 2,5 cm de largura. O ápice é
acuminado com base arredondada e bordas ligeiramente onduladas. O pecíolo mede, em média, 5 cm a 6 cm de comprimento por 1 mm a 2 mm de diâmetro e as plantas
que apresentam de três a sete perfilhamentos contêm, em média, 170 folhas.
As flores podem se apresentar individualmente ou na forma de inflorescência, encontrada nas axilas das folhas em toda a extensão dos ramos superiores. A
inflorescência é formada por flores hermafroditas, em número que varia de 1 a 5, pedunculadas; com cálice globoso ou subgloboso, glabro contendo quatro lóbulos
ovalados; corola de quatro pétalas glandulosas, que se alternam com as sépalas ungüiculadas, ovaladas, com ápices acuminados e obtusos. As pétalas são geralmente
brancas, com estiletes de 10 mm de comprimentos, com 125 estames medindo de 7 mm a 10mm de comprimento, anteras de 0,5 mm a 0,7 mm de comprimento. A antese ocorre pela manhã, permanecendo até às 10 horas.
Os frutos são do tipo baga esférica de superfície lisa e brilhante, coloração variando de vermelha a arroxeada, podendo, ter de 2 cm a 4 cm de diâmetro, e uma a
quatro sementes aplainadas e cobertas por uma lâmina com fibrilas brancas. A porção comestível tem rendimento médio de 60% do fruto, 8,5 graus Brix, pH entre 2.9
a 3.1 e ácido ascórbico (vitamina C), variando de 2.400 a 3.000 mg/100g de mesocarpo.
As sementes são reniformes, medindo, em média, 1,2 cm de largura por 8 mm de diâmetro, pesam, em média, 0,4 g e são do tipo ?recalcitrantes?, isto é, perdem a
viabilidade se armazenadas à umidade elevada e a baixas temperaturas. Por isso, é aconselhável efetuar a semeadura logo após o beneficiamento dos frutos.
Ecologia

Solo: O camucamuzeiro é encontrado vegetando espontaneamente, ao longo de cursos d?água, portanto, em solos inundados com pH neutro de boa fertilidade natural, permanecendo inundado de 3 a 9 meses por ano. Contudo, também pode ser cultivado em condições de terra firme, em solos com pH ácido de baixa fertilidade, em regiões que apresentam precipitações anuais variando de 1.700 a 3.000 mm. Clima: O camucamuzeiro é planta típica do clima tropical quente e úmido, onde a temperatura média oscila entre 22ºC a 28ºC, suportando temperaturas mínima e máxima em torno de 17 ºC e 35 ºC e umidade relativa (UR) de 70% a até 95%. Em populações naturais, o excessivo sombreamento se torna prejudicial, pois induz à formação de plantas fototrópicas, as quais emitem brotações inaptas à produção de frutos. Em plantações manejadas de
cultivos racionais, a etapa de viveiro requer um sombreamento de cinco dias logo após a repicagem.:

Aspectos Agronômicos

Cultivares O plantio do camucamuzeiro pode ser efetuado de duas maneiras a saber:
Produção da muda clonal - Neste processo, o materia
2. Utilizando-se sementes de polinização aberta, coletadas em plantas que evidenciam, em seu habitat natural, elevada produtividade, bem como boas características agronômicas. Para produção das mudas, devem ser adotados os seguintes procedimentos:
a) Em um plantio de camucamuzeiro, selecionar somente plantas bem floradas, altamente produtivas, bem desenvolvidas, e livres do ataque de pragas e de doenças;
b) Por ocasião da colheita dos frutos que se destinem ao fornecimento de sementes para produção de mudas, procurar coletar os maiores, sadios e completamente
maduros e;
c) Nos casos em que for adquirir sementes e/ou mudas, procurar sempre observar a procedência e a qualidade que pode ser verificada através do poder germinativo das
sementes e formato das mudas.
Preparo da semente

Após o beneficiamento dos frutos (despolpamento,lavagem e secagem), retirar as sementes e providenciar a semeadura o mais rápido possível, por se tratar de
sementes tipo recalcitrante. As sementes devem ser extraídas de frutos maduros (coloração arroxeada), pois, desta forma, pode-se conseguir maior uniformidade na
germinação.
Depois da retirada dos frutos, as sementes devem ser lavadas e semeadas imediatamente, uma vez que não toleram grandes perdas de umidade, sem que sua
viabilidade seja afetada. Nos casos em que forem armazenadas por aproximadamente seis meses, é recomendado que depois de lavadas, sejam tratadas
durante 15 minutos em solução feita com uma medida de água sanitária para quatro medidas de água e, após nova lavagem, secar à sombra por 24 horas. Em seguida,
as sementes devem ser tratadas com um fungicida tipo pó seco e então acondicionadas em sacos de plástico duplos, mantidos a 20 oC ou a temperatura ambiente.

Semeadura

Preparar canteiros medindo 1,00 m de largura por 12,00 m de comprimento e 0,80 m de altura, com cobertura que proporcione 50% de sombra. Utilizar como
substrato, uma mistura composta de terra preta e serragem fina bem curtida, numa proporção de três partes de terra preta, para uma de serragem.
As sementes deverão ser semeadas em sulcos abertos no sentido longitudinal dos canteiros, afastados acerca de 10 cm um do outro, com profundidade, de 2 cm,sendo utilizadas em torno de 70 sementes por metro linear. Após a semeadura, cobrir as sementes com uma fina camada de terra. A germinação das sementes de camucamu é muito
desuniforme, iniciando-se a partir do 15º dia após a semeadura, podendo ser obtido cerca de 90% da germinação, aos 50 dias após a semeadura

Repicagem

Quando as mudas atingirem em torno de 10 cm de altura e apresentarem entre seis a oito folhas, devem ser repicadas para sacos de plástico com dimensões de 12 cm de largura x 25 cm de altura e 0,006 cm de espessura, contendo furos na parte inferior.
Para enchimento dos sacos de plástico, é recomendável utilizar substrato composto de: 800 litros de terra de barranco; 200 litros de esterco de curral; 5 kg de
superfosfato simples; 0,5 kg de cloreto de potássio; 1,5 a 2 kg de calcário dolomítico. Salienta-se que 1m3 de substrato enche em torno de 1.000 a 1.200 sacolas.
Irrigações periódicas devem ser efetuadas para dar boas condições de umidade às plântulas. Esta prática é de grande importância para o sucesso na atividade formação
de mudas.
Viveiro

Para que se obtenha boas mudas, é necessário que o sombreamento utilizado no viveiro permita a penetração de, aproximadamente, 50% de luminosidade. Para se obter esta
luminosidade, pode ser utilizado na cobertura do viveiro, sombrite 50% ou palha. Os sacos de plástico deverão então ser arrumados em fileiras, com largura variando de 1,00 m, a 1,20 m, em função da largura do canteiro. As plântulas devem ser irrigadas diariamente, principalmente em períodos de baixa pluviosidade. Adubações foliares devem ser efetuadas, quinzenalmente, com produtos que contenham N, P, K em sua formulação, na concentração variando de 0,3% a 0,5%, isto é 300 a 500
gramas do produto comercial para 100 litros de água. A partir do segundo mês, são recomendadas adubações nitrogenadas no intervalo de 30 dias, na formulação de 30
gramas de uréia, diluídas em 20 litros de água, até o sexto mês.
Após seis meses, ocasião em que as plantas alcançam alturas variando de 50 a 60 centímetros de altura, estão prontas para serem levadas para local definitivo.

Pragas e doenças

Em condições de viveiro, as plantas podem ser atacadas por um besouro de coloração preta denominado de Xylosandrus compactus. O controle da praga deve ser
efetuado através da eliminação das plantas atacadas pelo inseto. Para isso, devem ser efetuadas vistorias freqüentes, no intervalo de 10 a 15 dias, a fim de evitar que os ataques alcançem níveis significativos.
A incidência desta praga poderá ser minimizada pelo aumento da quantidade de luz que penetra no viveiro, isto é, o viveiro nunca deverá apresentar mais de 50% de sombra.
Preparo da área
O terreno destinado à implantação do pomar de camucamuzeiro deve ser preferentemente, roçado, destocado, arado e gradeado a fim de que sejam incorporados
todos os restos de matéria orgânica existentes na camada superficial do solo.
Na impossibilidade de serem realizadas as operações citadas, o preparo do solo pode ser efetuado através da limpeza da área, derrubada, queima e coivara. Para evitar
o destocamento, que é uma operação cara, sugere-se a escolha de áreas que foram ocupadas com cultivos anuais, ou aquela área em que a vegetação seja do tipo
capoeira.

Espaçamento e número de plantas por hectare Na escolha do espaçamento, devem ser levados em consideração fatores como tipo de solo e sua fertilidade, o tipo de muda, se de sementes de polinização aberta ou clonada, o manejo a ser dado no pomar, dentre outros. Podem ser utilizados espaçamentos de 4,0 m x 4,0 m (625 plantas/ha); 4,0 m x 3,0 m (833 plantas/ha) e 3,0 m x 3,0 m (1.111 plantas/ha). Estes espaçamentos, se utilizados, são suficientes para que se obtenha bom aproveitamento da radiação solar incidente sobre as plantas, contribuindo para a qualidade, aparência e sanidade dos frutos.

Sistema de marcação

A marcação deve ser definida em função da declividade do terreno; podendo ser geométrico, retilíneo ou em curvas. Assim, quando a topografia é favorável, podem
ser adotados sistemas quadrados, retangulares ou triangulares.
O sistema quadrado é o mais fácil de ser executado, satisfazendo plenamente as exigências da cultura. Os alinhamentos retangulares são mais indicados, tendo em
vista que pode ser dado a cada planta, a mesma área de terreno que na plantação em quadrado, além de se obter maior espaço livre em um dos sentidos, o que facilita a
movimentação de máquinas no interior do pomar.
O sistema triangular somente deve ser utilizado quando se quer ter maior número de plantas por unidade de terreno. Assim sendo, pode ser utilizado um triângulo
eqüilátero, que proporciona um acréscimo de 15% no número de plantas se comparado com o sistema retangular.
Coveamento

O fruticultor deve ter em mente que quanto maior a cova, melhores condições terá a muda para se desenvolver. Assim sendo, é recomendável abrir covas com as dimensões de 0,30 m x 0,30 m x 0,30 m. O coveamento deve ser manual ou mecânico. O manual
apresenta a vantagem de redução da compactação das paredes da cova, bem como permite separar a camada de terra da superfície, sempre mais rica, daquela do
subsolo.
Abertas as covas, elas são novamente cheias, tendo-se o cuidado de utilizar para a parte do fundo da cova, a terra da superfície, com a qual são misturados os adubos
necessários ao suprimento das necessidades da planta na primeira fase de seu crescimento.

Plantio no local definitivo
Recomenda-se realizar o plantio quando as plantas alcançarem uma altura em torno de 50 centímetros. A época mais favorável para plantio varia em função do
clima, utilização de irrigação e método de transplantio, isto é, se mudas em raiz nua ou torrão. No geral, o plantio deve ser realizado no início da estação chuvosa,
que na região coincide com a primeira quinzena de dezembro. Caso as chuvas retardem, procura-se conciliar o plantio, tendo em vista que a umidade é fator preponderante
no crescimento e desenvolvimento da planta.
As plantas, para estarem aptas ao plantio, devem medir de 0,60 m a 1,00 m de altura, em torno de 1 cm a 2 cm de diâmetro do caule e 90% das folhas coriáceas. Desse
modo, será obtida uma homogeneidade no plantio e altas produções.
As operações de plantio iniciam-se pela abertura de um orifício no centro da cova, de tamanho suficiente para conter o sistema radicular da muda. Em seguida, misturase
bem à terra de superfície, 3 litros de esterco de ave ou 10 litros de esterco bovino bem curtido, mais 200 g de superfosfato triplo, jogando-se na cova. Em seguida,
a muda é colocada dentro da cova, tomando-se o cuidado para que o colo fique acima do nível do solo (5 cm). À medida que a cova vai sendo cheia com terra,
deve-se ter o cuidado para que as raízes fiquem bem distribuídas dentro da cova. Deve ser comprimida a terra ao redor da muda, a fim de permitir boa aderência às
raízes, além de eliminar o excesso de ar existente na cova.
Após o plantio, deve ser efetuada uma rega com aproximadamente 20 litros de água. Esta é operação de grande importância porque garante um maior índice de pegamento das mudas, tendo em vista que contribuem para que as raízes fiquem em perfeito contato com a terra. Finalmente, deve ser efetuada a cobertura morta
em volta da planta, com uma fina camada de palha, capim seco ou maravalha, visando a diminuição da evaporação e, conseqüentemente, o secamento da terra e morte da planta.

Tratos culturais
Os tratos culturais abrangem todas as operações realizadas no pomar, tais como: adubações, pulverizações, podas, controle de ervas daninhas, irrigação, dentre
outros. Desse modo, o pomar deve ser mantido livre de plantas daninhas, podendo o controle ser efetuado através de gradagens superficiais no verão. Nos meses
de inverno, manter o mato baixo através de roçagens, que podem ser efetuadas com roçadeira mecânica, visando controlar a erosão do solo. Convém ressaltar que no período de seca, a concorrência do mato com as plantas é mais significativa que no
período chuvoso. Desse modo, no período de estiagem o pomar deve ser mantido limpo, a fim de que não haja competição por água entre o camucamuzeiro e as plantas daninhas.
As plantas devem ser coroadas? sempre que houver infestação de ervas daninhas no raio da copa, principalmente no inverno, a fim de evitar o contato dessas invasoras com os frutos, para não inviabilizar sua comercialização in natura.
Sempre que necessário, realizar podas dos galhos secos, bem como efetuar a caiação dos caules com calda bordaleza a 3% ou água de enxofre e cal, a fim de evitar
o aparecimento de cochonilhas. Sempre que for vantajoso, usar herbicidas quando for
efetuar o coroamento das plantas. Nestes casos, procurar a orientação técnica, pois é de grande importância conhecer os tipos de herbicidas a serem utilizados, as
respectivas dosagens e equipamentos que melhor se adaptam às operações.
Adubação
O camucamuzeiro, quando cultivado em terra firme, é exigente durante o período de crescimento e desenvolvimento das plantas. Desse modo, a adubação é de fundamental importância e deve ser efetuada, preferentemente, de acordo com as recomendações da
análise do solo.
Nos casos em que não haja recomendações com base
em análise do solo, poderão ser utilizadas, 200 g/planta de superfosfato triplo, ou outra fonte de fósforo em quantidade equivalente. Caso não tenha sido efetuada a calagem em toda a área de plantio, e o solo apresentar acidez, pode-se adicionar 1 kg de calcário dolomítico por planta, aplicado em cobertura na faixa de plantio, 20
dias antes. Após 30-40 dias do plantio, deve ser aplicado em cobertura, bem espalhadas em volta da muda, 50 g de uréia e 30 g de cloreto de potássio. A dosagem
nitrogenada deverá ser repetida a cada três meses no decorrer do primeiro ano do plantio. As adubações de manutenção deverão ser efetuadas, preferentemente, tomando-se por base as análises do solo e da folha, bem como a produção do pomar. No geral, são recomendadas duas adubações por ano, sendo a primeira no início e a segunda no final do período chuvoso.
Na primeira adubação, a quantidade total do adubo fosfatado deverá ser aplicada de uma só vez, juntamente com a metade do nitrogenado e do potássico. Na segunda, aplicar a outra metade do nitrogênio e do potássio.
A partir do segundo ano, é recomendado aplicar nitrogênio (80 kg/ha), fósforo (60 kg/ha) e potássio (80 kg/ha).
A aplicação deve ser efetuada como segue: nitrogênio e potássio, aplicados em cobertura preferentemente no raio da copa e parcelado de duas vezes e o fósforo, aplicado em drenos abertos no raio da copa, de uma só vez.

Cobertura
Em plantios solteiros, é importante o uso de cobertura do solo com leguminosa, a fim de evitar a infestação de plantas invasoras, conservar a umidade do solo, adicionar
nitrogênio ao solo, bem como evitar a erosão. Podem ser utilizadas leguminosas Arachis sp., Centrosema macrocarpum, Chamaecrista repens, dentre outras.

Pragas

Diferentes espécies de insetos atacam o camucamuzeiro, tanto na fase de viveiro, como no local definitivo, dentre eles citam-se o coleóptero Castalimaita ferruginea da família Chrysomelidae, que se alimenta das folhas e, de acordo com a intensidade do ataque, pode destruí-las. O inseto se localiza na parte ventral das folhas e no broto apical. O lepidóptero Mimallo amilia, da família Mimallomidae, cuja mariposa adulta tem cor cinza. A sua presença é notada pela formação de casulos com três a
quatro centímetros de comprimento, presos aos galhos. Os casulos são de cor marrom e formado por folhas secas, excrementos e fios de seda, onde a lagarta se enclausura, até a sua metamorfose.
Dentre as várias espécies de cochonilhas da ordem Homóptera, Coccoidea, as principais são: Dysmicoccus brevipes, cujos indivíduos vivem em colônias densas, no
coleto da planta e também nas raízes.
Apresentam
coloração róseo-clara com dois milímetros de comprimento, não são visíveis, pois são recobertas por areia e manejadas por formigas-de-fogo, que denunciam a sua presença. As espécies Parasaissetia nigra e Coccus viridis são encontradas também atacando a planta. A primeira é encontrada nos galhos e a segunda nas folhas, provocando abundante quantidade de fumagina, sendo bem controlados por fungos entomopatogênicos.
Na fase de viveiro, a praga de maior importância é o besouro Xylosandrus compactus (Coleoptera, Scolytidae), de coloração variando de marrom-escura a preta, cuja fêmea perfura a ramo ou o galho da planta, causando uma galeria pouco visível a olho nu. A perfuração é detectada pela formação de serragem, e o ataque causa a seca e quebra da parte vegetal atacada. Os plantios devem ser inspecionados periodicamente
para detectar a presença dessas pragas. O controle deve ser efetuado sempre que os ataques alcançarem níveis significativos, isto é, entre 10% a 15% de folhas atacadas por planta.

O ataque de saúvas Atta sexdens causa o corte das folhas. Para combatê-las, usar qualquer isca granulada à base de dodecacloro.

Doenças
Em plantios não manejados adequadamente, geralmente é verificada a presença de ?Fumagina? nas folhas da planta, que pode ser controlada com pulverizações com óxidos de cobre com concentrações variando de 0,1% a

0,3 % (100 a 300 g do produto para 100 litros de

água).

Em plantios de três anos, pode ocorrer a enfermidade

conhecida por ?morte regressiva? causada por

Botryodiplodia theobromae, cujo controle consiste em

eliminar a planta atacada, aplicar cal na cova e, após 30

dias, efetuar sua substituição.

Floração e frutificação

Em condições de terra firme, o camucamuzeiro inicia a

floração entre 2,5 a 3 anos após o plantio. Nas condições

de Belém, o camucamuzeiro demonstrou boa

adaptação, com bom desenvolvimento da planta, florindo

praticamente o ano inteiro, com a vantagem do ciclo de

produção se estender durante todo o ano. O pico de

produção vai de novembro a março, sendo verificado

também índices menores de produção, nos meses de

julho e agosto.

Colheita

A colheita do camucamu é feita manualmente, tendo-se

o máximo de cuidado para não danificar o fruto. Pomares

implantados em condições de terra firme iniciam a

produção, dois anos e meio após o plantio.

A colheita inicia, geralmente, a partir de setembro,

estendendo-se até março/abril do ano seguinte, devendo

ser efetuadas duas colheitas por semana.

Os frutos estão aptos a serem colhidos quando no

estádio semimaduros, isto é, apresentando coloração verde

com pintas arroxeadas. Nesta fase, os frutos contêm maior

concentração de vitamina C, além de ser o estágio mais

conveniente para o aproveitamento industrial, pelo fato destes

apresentarem consistência, tornando mais fácil a embalagem e

o transporte dos mesmos para longas distâncias.

Uma vez colhidos, os frutos são colocados em recipientes

de madeira, para evitar perdas por esmagamento,

devendo ser colocados à sombra. Frutos muito maduros

e amassados tendem a se deteriorar mais rapidamente,

devendo ser consumidos de imediato, nas formas de

suco ou ?in natura?.

Para aumentar o período de conservação dos frutos e

melhorar sua aparência, alguns cuidados devem ser

tomados durante a colheita. Assim, devem ser evitados

choque dos mesmos com o solo, a fim de não permitir a

penetração de fungos. Portanto, todos os cuidados

devem ser tomados durante a colheita para que sejam

obtidos frutos com boa aparência, garantindo bons

preços na comercialização.

Rendimento de frutos

Em pomares de camucamuzeiro implantados em condições

de terra firme, no espaçamento de 3 m x 3 m (1.11

plantas/ha) podem ser obtidas produções iniciais de até

de 6 kg de frutos frescos por planta/safra, que

corresponde a 6,7 toneladas de frutos frescos por

hectare/safra.

Beneficiamento

Os frutos depois de colhidos passam por um processo de

limpeza, classificação e embalagem, objetivando, principalmente,

melhorar a aparência dos mesmos para

alcançar melhores preços na comercialização.

Nos casos em que a comercialização for efetuada na

forma de polpa, esta deverá ser processada utilizando-se

tanto a casca quanto a polpa, devido o conteúdo da

vitamina ?C? presente nas duas partes ser considerável,

bem como dar à polpa, uma coloração arroxeada,

característica da casca do camucamu.

Comercialização

A produção de camucamu pode ser efetuada nas formas

de frutos frescos ou polpa concentrada e congelada,

dependendo das condições existentes na propriedade.

Apesar de parecer uma forma de facilitar a

comercialização, a venda de frutos frescos diretamente

na propriedade desestimula o produtor a realizar práticas

de beneficiamento necessárias à melhoria da qualidade, o

que resulta na venda de produto com baixa qualidade e,

em conseqüência, baixos preços.

O ideal seria agregar valor à produção. Assim sendo, o

produtor deverá efetuar o despolpamento dos frutos

recém-colhidos, tendo o cuidado de proceder esta

atividade dentro dos padrões de higiene, para que seu

produto tenha qualidade. Em seguida, a polpa deverá ser

embalada em embalagens de plástico, seguidas do

congelamento, para posterior comercialização

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