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Mancabeira


A mancabeira
(Hancornia speciosa Gomez) é uma árvore pertencente à família das Apocináceas
encontrada naturalmente no Brasil.
Apresenta frutos aromáticos, saborosos e nutritivos, com ampla aceitação de
mercado, tanto para o consumo in natura, quanto para a indústria. Apesar disso,
pelo fato da cultura ainda continuar sendo mantida no habitat natural, sua exploração
é feita de modo extrativista. As áreas em que se pratica o cultivo tecnificado, são
quase inexistentes. Os maiores produtores da fruta são os Estados de Sergipe,
Minas Gerais e Bahia, com produções respectivas de 524, 478 e 170 toneladas de
mangaba.
BOTÂNICA E ECOLOGIA
A palavra mangaba é de origem indígena e significa coisa boa de comer .
A mangaba ou mangabeira pertence ao grupo das Eudicotiledoneas, ordem
Gentianales, família Apocynaceae e à espécie Hancornia speciosa Gomes.
É uma árvore de porte médio, possuindo de 2 a 10 m de altura, podendo chegar a até 15
m, dotada de copa irregular, tronco tortuoso, bastante ramificado e áspero; ramos
lisos e avermelhados. Toda a planta exsuda látex. Apresenta folhas opostas, simples,
pecioladas, glabras, brilhantes e coriáceas. Sua inflorescência possui de 1 a 7 flores perfumadas e de coloração branca.

O fruto do tipo baga é elipsóide ou arredondado, com 2,0 a 6,0 cm, exocarpo
amarelo, com manchas avermelhadas, polpa bastante doce, carnoso-viscosa, ácida,
contendo geralmente 2 a 15 sementes discóides, com 7 a 8 mm de diâmetro, castanho-
claras, delgadas e rugosas. O peso de 100 sementes com 50% de umidade é de
aproximadamente 18 g. A mangabeira é uma planta perenifólia de clima tropical, ocorrendo, sobretudo, em áreas de vegetação aberta, com temperatura média ideal entre 24 e 26°C.
Apresenta maior desenvolvimento vegetativo nas épocas com temperatura mais
elevada e, a pluviosidade ideal pode estar entre 750 e 1.600 mm anuais. Os solos
nos quais se desenvolve são pobres e arenosos, predominantes na região do Cerrado
e Tabuleiros Costeiros. Apresenta, normalmente, na região dos cerrados, floração
durante o período de agosto a novembro, com pico em outubro. A frutificação
pode ocorrer em qualquer época do ano, mas concentra-se principalmente de julho
a outubro ou de janeiro a abril.

UTILIZAÇÃO
O potencial para o aproveitamento da mangabeira é bastante variado, entretanto,
apenas os frutos apresentam um valor comercial significativo. No Nordeste, é uma das mais requisitadas produtoras de matéria-prima para a
indústria entre as frutas nativas dessa região, devido aos excelentes aroma e sabor
dos seus frutos, sendo utilizada, sobretudo, para a fabricação de sucos e polpas
congeladas. Além dessas formas, o fruto da mangabeira ainda é consumido in
natura e utilizado para a fabricação de doces, compotas, geléias, licores, xaropes,
vinhos e vinagres.
Por apresentar propriedades de agregação e retenção de sabor, a mangaba é
particularmente utilizada na elaboração de sorvetes. Em algumas regiões, outras partes da planta são utilizadas também na medicina popular. A casca, por exemplo, possui propriedades adstringentes e o látex é empregado contra a tuberculose, úlceras, herpes, dermatoses e verrugas. Além disso, o chá da folha é usado para cólica menstrual e, o decocto da raiz, para tratar luxações e hipertensão. A árvore é ainda, melífera e ornamental.
A mangabeira, pela elevada qualidade do seu látex, foi bastante explorada no
período áureo da borracha, no entanto, o excelente desempenho da borracha de
Hevea brasiliensis se impôs sobre todas as demais espécies laticíferas.
ASPECTOS NUTRICIONAIS
O fruto da mangabeira é constituído de polpa (77%), casca (11%) e semente
(12%). No entanto, apenas a polpa assume posição de destaque no aspecto
comercial. Apresenta um bom valor nutritivo, com teor protéico (0,7 g/100 g de
polpa) superior ao da maioria das espécies frutíferas. É rica em diversos elementos
e, em sua composição, encontramos as vitaminas A, B1, B2 e C, além de ferro,
fósforo e cálcio. O elevado teor de ferro (28 mg/100g de polpa) no fruto faz com
que a mangaba seja uma das frutas mais ricas neste nutriente, além de ser fonte de
ácido ascórbico. Daí a importância atribuída a ela na cura de algumas doenças e,
em particular, contra a febre.
O valor energético, em cada 100 g de fruta, é de 43 calorias.
Altos conteúdos de sólidos solúveis totais associados à elevada acidez, além
do paladar exótico, conferem à mangaba um sabor muito apreciado pelos
consumidores.
CULTIVO E MANEJO AGRONÔMICO
Propagação
Apesar da enxertia antecipar o início da frutificação e proporcionar a formação
de plantios mais uniformes, em virtude de existirem poucas informações a respeito
deste método para a cultura, a mangabeira tem sido, normalmente, propagada por
sementes. Estas devem ser obtidas de frutos maduros, sadios e colhidos de plantas
precoces, vigorosas, isentas de pragas e doenças, e produtivas. Imediatamente
após retiradas dos frutos, as sementes devem ser lavadas para eliminação total da
polpa e secadas à sombra por 24 horas. Devem ser semeadas até quatro dias após
a lavagem, já que a partir daí, o poder germinativo cai rapidamente. A semeadura pode ser feita em canteiros de terra ou em sacos de polietileno
preto com dimensões de 14 X 16 cm ou 15 X 25 cm, preenchidos com substrato
areno-argiloso, retirado de camadas do solo a partir de 20 cm de profundidade. A
utilização de calcário e o excesso de irrigação ou de matéria orgânica no substrato
prejudica o desenvolvimento das mudas, além de favorecer o ataque de doenças do
sistema radicular. A germinação ocorre a partir do 21º dia após o semeio, estendendo-
se por 30 dias.
O plantio no local definitivo deverá ser feito aos 120 dias após o semeio,
quando as mudas estiverem com cerca de 15 a 20 cm de altura.
Plantio
O plantio deve ser realizado no início da estação chuvosa, com o espaçamento
variando de 6 X 4 m a 6 X 5 m. Após a marcação e abertura das covas (30 cm X 30
cm X 30 cm) faz-se a adubação. A seguir, realiza-se o plantio, retirando-se o saco
plástico sem danificar o torrão.
Deve-se evitar a utilização de esterco bovino na cova de plantio. Em testes
realizados, verificou-se que em sua presença, as plantas de mangabeira apresentaram
menor altura e menor diâmetro do caule, com elevada taxa de mortandade, variando
de 45% a 66%.
Adubação
Sob condições de campo, verifica-se que o melhor desenvolvimento e
produtividade da mangabeira estão na dependência de uma boa oferta de nutrientes.
Adubações químicas com formulações à base de macro e micronutrientes têm
resultado em melhoria do desenvolvimento de plantas jovens.
As adubações com nitrogênio e potássio devem ser parceladas em três doses
e aplicadas durante a estação chuvosa. O fósforo, no primeiro ano, deve ser aplicado
todo na cova de plantio. A partir do segundo ano deve ser aplicado de uma só vez,
juntamente com a primeira dose de nitrogênio e de potássio.
Todos os fertilizantes devem ser colocados na projeção da copa e incorporados
ao solo.
Tratos Culturais
Como a mangabeira costuma crescer pendida devido à ação do vento e, emitir
grande quantidade de ramos laterais, muitos deles juntos ao solo, é necessário
escorar a planta no lado oposto à incidência destes ventos, e realizar podas regulares, eliminando-se os ramos que crescem até a altura de 30 ou 40 cm do solo, quando a planta alcançar cerca de 80 cm de altura. Além disso, galhos secos e doentes devem ser podados ao longo da vida da planta.
A mangabeira deve ser mantida sempre no limpo. Para isso, nas entrelinhas,
faz-se uso de enxada ou grade. Se for difícil a manutenção desta limpeza, deve-se
efetuar capina em coroamento, com diâmetro um pouco maior que a projeção da
copa sobre o solo.
DOENÇAS E PRAGAS
Doenças
Em viveiro, as mudas de mangabeira podem ser acometidas por doenças
fúngicas, as quais ocasionam manchas foliares, apodrecimento de raízes e morte
de plântulas. O controle pode ser feito pelo uso conveniente da irrigação e
pulverização com produtos comerciais à base de hidróxido de cobre e mancozeb.
É preciso, contudo, atentar para o fato de que não há registro de produtos para esta
cultura no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Nas plantas adultas, uma doença bastante comum é a antracnose, causada
pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, o qual ataca as flores, provocando
secamento e abortamento dos frutos.
Pragas
Cochonilhas e lagartas, ocasionalmente atacam, desfolhando totalmente a planta
jovem. O controle pode ser efetuado com o uso de produtos comerciais à base de
piretróides.
O pulgão-verde, da espécie Aphis gossypii, também tem sido encontrado
freqüentemente afetando a mangabeira, sobretudo na fase de viveiro. Este inseto
ataca principalmente a parte terminal da planta, provocando o enrolamento de suas
folhas. O controle químico pode ser realizado com pulverizações quinzenais de
produtos comerciais à base de malation e paration.

COLHEITA E CUIDADOS PÓS-COLHEITA
A mangabeira inicia sua produção entre o terceiro e o quinto ano após o
plantio, quando pode proporcionar produtividades de até 12 toneladas por hectare,
dependendo das condições de clima e solo e do manejo adotado.
A colheita deve ser realizada com o fruto ainda na planta, no momento em que
se verifique a mudança de tonalidade do verde para o amarelo. Nesse estádio, o
fruto apresenta-se ligeiramente flácido. Um bom indicativo para o início desse
processo é a presença dos primeiros frutos caídos no solo.
Os frutos, por exsudarem látex, devem ser colhidos com o auxílio de luvas e
imersos, em seguida, em uma solução contendo detergente. Posteriormente, devem
ser secos à sombra em local arejado e, acondicionados em caixas de madeira ou
plástico revestidas de papel.
Depois de colhida, o ponto de consumo da mangaba é atingido em 2 ou 3 dias
sob temperatura ambiente. Neste momento, percebe-se o amolecimento de sua
polpa e a produção de um aroma característico.


Fonte:UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

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